Para ser engraçado é preciso, antes de mais nada, saber o que faz as pessoas rirem. Entre as diversas teorias que pretendem explicar o riso, existem 6 principais. Três delas são consideradas clássicas. As outras três são teorias contemporâneas elaboradas no século XX sob a luz das novas descobertas da psicologia, linguística e neurociência.
O humor surge da gratificante percepção da fragilidade, estupidez ou absurdidade dos outros seres humanos. Em outras palavras: rimos ao percebermos a nossa superioridade diante dos defeitos dos outros.
As teorias da superioridade postulam que o riso e o humor surgem como uma expressão de poder ou domínio, derivada do sentimento de superioridade sobre outra pessoa, grupo ou situação. Essas teorias sugerem que encontramos humor em situações onde podemos nos sentir superiores ou mais afortunados do que os outros.
O riso é causado por se sentir superior em relação a alguém que cometeu um erro, está em uma posição desvantajosa ou sofre algum infortúnio.
Piadas sobre erros cometidos pelos outros ou situações que colocam outros em uma posição desfavorável podem provocar riso por destacar a superioridade do observador.
O humor pode surgir de comparações sociais onde a pessoa que ri se sente mais inteligente, mais capaz, ou em uma posição melhor do que os outros.
Rir de alguém que escorrega numa casca de banana pode evocar um sentimento de superioridade baseado no fato de não estarmos na mesma situação embaraçosa.
Piadas sobre erros cometidos pelos outros ou situações que colocam outros em uma posição desfavorável podem provocar riso por destacar a superioridade do observador.
Rir de figuras de autoridade, celebridades ou entidades sociais pode envolver a redução dessas figuras ao torná-las objetos de humor, reforçando a superioridade do observador perante a falibilidade delas.
O humor surge quando existe uma incongruência ou uma discrepância inesperada entre duas ou mais ideias, situações ou expectativas. Rimos ao perceber uma incongruência, ou seja, uma diferença ou desvio entre o que é esperado e o que realmente acontece. Essa incongruência pode se manifestar como uma contradição, surpresa, ambiguidade, ou absurdidade que desafia as expectativas normais do indivíduo.
Muitas piadas dependem de um truque linguístico ou narrativo que leva o ouvinte a uma conclusão esperada, apenas para reverter as expectativas com uma punchline inesperada.
Em filmes ou esquetes de comédia, personagens podem se encontrar em situações ridículas ou agir de maneiras incongruentes com seu contexto, provocando riso.
A base da teoria é a divergência entre o que se espera e o que realmente ocorre. Quando algo inesperado ou fora do comum acontece, a surpresa ou o choque dessa diferença pode provocar o riso.
O humor surge quando o cérebro é estimulado por uma quebra repentina de padrão ou lógica. Essa quebra deve ser percebida como inofensiva ou não ameaçadora para resultar em riso.
Muitas vezes, para que o humor funcione, é necessário que a incongruência seja percebida e resolvida rapidamente de uma forma que faça sentido, ainda que de maneira absurda ou ilógica.
Muitas piadas dependem de um truque linguístico ou de uma narrativa que leva o ouvinte a uma conclusão esperada, apenas para reverter as expectativas com uma punchline inesperada.
Em filmes ou esquetes de comédia, personagens podem se encontrar em situações ridículas ou agir de maneiras incongruentes com seu contexto, provocando riso.
Rimos ao relaxarmos de determinadas repressões sociais a que somos submetidos diariamente para atendermos a comportamentos esperados de nós pela sociedade.
As Teorias do Alívio são um grupo de explicações psicológicas e filosóficas que sugerem que o riso e o humor são mecanismos para liberar tensões ou energias acumuladas no sistema nervoso ou emocional. Essas teorias são frequentemente associadas a emoções reprimidas ou estresse psicológico, propondo que o riso serve como um meio de alívio ou liberação. Essas teorias sugerem que o riso permite uma descarga de energias reprimidas, proporcionando uma sensação de relaxamento e prazer, uma vez que a tensão acumulada é reduzida.
Piadas que abordam questões tabus ou situações estressantes podem provocar riso, pois ajudam a liberar a tensão associada a esses tópicos.
Em contextos de alta tensão, como após uma situação de medo ou perigo, rimos como uma forma de aliviar a tensão acumulada.
Muitas comédias exploram situações embaraçosas ou conflitantes e resolvem-nas de maneira cômica, proporcionando uma liberação da tensão dramática.
O núcleo dessas teorias é a ideia de que o riso ajuda a liberar tensões internas, aliviando estresse, ansiedade ou emoções reprimidas.
Segundo essas teorias, o humor permite a liberação de energia psíquica acumulada. Essa energia pode ter se acumulado devido a várias fontes, como situações sociais estressantes ou pensamentos restritivos.
A consequência imediata do riso é a sensação de alívio e bem-estar, uma vez que a tensão acumulada é reduzida.
Piadas que abordam questões tabus ou situações estressantes podem provocar riso, pois elas ajudam a liberar a tensão associada a esses tópicos.
Em contextos de alta tensão, como após uma situação de medo ou perigo, rimos como uma forma de aliviar a tensão acumulada.
Muitas comédias exploram situações embaraçosas ou conflitantes e resolvem-nas de maneira cômica, proporcionando uma liberação da tensão dramática.
Para experimentar o humor (perceber algo como engraçado), uma pessoa deve estar em:
a) um estado motivacional específico refletido por uma mentalidade de humor,
b) experimentar uma excitação elevada nesse estado motivacional;
c) envolver-se em processos cognitivos descritos como sinergia cognitiva e diminuição.
Este estado emocional específico de alta excitação foi chamado de paratélico (paratelic).
Tal como as teorias da incongruência, a teoria da reversão afirma que o humor depende de processos cognitivos envolvidos na interpretação inicial de um evento ou estímulo seguido por uma reinterpretação do estímulo ou evento.
É o que acontece quando escutamos a primeira parte de uma piada e tiramos uma conclusão e, ao ouvir o final da piada, somos obrigados a rever essa conclusão.
De acordo com a teoria da reversão, o processo de revisão da interpretação inicial de algo deve envolver sinergia cognitiva.
Michael Apter, criador da teoria, descreveu a sinergia cognitiva como a ativação de duas interpretações contraditórias de um estímulo ou evento na mente de alguém ao mesmo tempo (por exemplo, importante/trivial, inteligente/estúpido, sagrado/profano). Ou seja, um estímulo ou evento incorpora duas características contraditórias e, portanto, pode ser interpretado como X e não-X simultaneamente.
Não é a nova interpretação do mesmo evento que nos faz rir e sim perceber a contradição interna exposta na piada.
A incongruência que ocorre no humor nos faz ver um estímulo ou evento como menos importante, menos sério, menos valioso, menos digno de respeito do que parecia ser à primeira vista.
Este é um estado de mente onde a pessoa está focada no prazer imediato, diversão e brincadeira. Quando uma pessoa está nesse estado, ela está mais aberta a experiências excitantes e prazerosas.
No estado Paratélico, a excitação elevada é percebida como agradável. Nesse contexto, eventos inesperados ou incongruentes podem ser amplificados em termos de resposta emocional e são mais propensos a provocar o riso.
Este conceito envolve a percepção simultânea de duas ideias contraditórias ou inesperadas que coexistem em um mesmo contexto. Esse tipo de percepção cria uma tensão cognitiva prazerosa no estado Paratélico.
Este fenômeno ocorre quando uma ideia inicial, que pode ter sido percebida como séria ou ameaçadora, é reavaliada e percebida como mais banal e menos séria. Esta reavaliação provoca uma redução da tensão e uma mudança para uma perspectiva mais leve e divertida.
Um mal-entendido percebido inicialmente como perturbador pode, ao ser esclarecido e reavaliado, tornar-se engraçado. A seriedade inicial é "diminuída," gerando riso.
Uma piada pode funcionar porque subverte a expectativa. O ouvinte é levado a esperar um desfecho lógico, mas é surpreendido por um final inesperado ou absurdo que oferece uma percepção dupla, causando um efeito humorístico.
Segundo a teoria de Robert Wyer e James Collins, o humor emerge por meio dos processos envolvidos em como as pessoas percebem e interpretam um evento e em seguida, revisam suas interpretações à luz de novas informações.
As pessoas interpretam e dão sentido a novas informações em termos de estruturas de conhecimento preexistentes chamadas de esquemas.
Nós usamos os esquemas para "preencher" detalhes que faltam e para formar expectativas gerais sobre outros tipos de coisas que podem acontecer em um determinado contexto.
Um esquema é formado com base na experiência passada com objetos, cenas ou eventos e consiste em um conjunto de expectativas (geralmente inconscientes) sobre a aparência das coisas e/ou a ordem em que ocorrem. Ou seja, um esquema são todas as ideias que lhe vêm à cabeça quando você é confrontado com um evento, um cenário, uma pessoa, etc.
Incongruência é um evento que requer conceitos ou conhecimentos não contidos no esquema ativado usado para interpretar informações prévias sobre o evento. Ou seja, tudo o que normalmente não aconteceria em um determinado contexto é percebido como incongruente.
A quantidade de humor que alguém experimenta como resultado desses processos básicos de compreensão depende:
a) do grau em que a reinterpretação de um evento diminui a importância o valor do evento;
b) do tipo de quantidade de elaboração cognitiva que se gera em resposta à interpretação;
c) do grau de dificuldade para se compreender o evento de humor.
O humor surge de um processo de dupla fase:
primeiro, a compreensão da incongruência presente na situação;
segundo, a elaboração dessa compreensão que leva ao prazer e ao riso.
A primeira fase do humor ocorre quando uma pessoa percebe uma incongruência ou uma situação inesperada que desafia suas expectativas normais. Esse momento de reconhecimento é essencial para o humor, pois a incongruência em si provoca surpresa e curiosidade. Essa incongruência pode ocorrer de várias formas, como uma piada que quebra expectativas ou uma situação inesperada.
De acordo com a teoria da Compreensão-elaboração, o riso é uma forma de processamento cognitivo que ocorre quando tentamos compreender e resolver essa incongruência. O riso é uma expressão da nossa tentativa de reconciliar o que percebemos com nossas expectativas ou entendimento prévio da situação.
Além de simplesmente perceber a incongruência, a teoria sugere que o riso também envolve um processo de elaboração mental, no qual buscamos encontrar uma resolução ou explicação para a discrepância percebida. Esse processo de elaboração contribui para a experiência humorística e pode envolver uma série de pensamentos e associações mentais.
Quando somos bem-sucedidos em elaborar e compreender a incongruência de forma satisfatória, experimentamos uma sensação de prazer, que é expressa por meio do riso. Esse prazer resulta da resolução bem-sucedida da discrepância percebida e da satisfação cognitiva que acompanha esse processo. O humor é a recompensa prazerosa. Esse prazer pode ser intensificado pela complexidade ou sutileza da elaboração.
Muitas piadas se baseiam na quebra de expectativa, onde o punchline (a parte engraçada da piada) contradiz de forma inesperada a premissa estabelecida.
Outra forma de aplicar a teoria é através do humor baseado em situações absurdas, onde elementos da situação são combinados de uma maneira inesperada ou ilógica.
A ironia muitas vezes explora uma discrepância entre o que é dito e o que é realmente significado. O humor sutil pode ser construído em torno dessa incongruência, onde a piada não é explicitamente declarada, mas implícita na maneira como a frase é construída.
A teoria de Peter McGraw sugere que o humor surge quando uma situação viola alguma norma ou expectativa, mas de uma maneira que é percebida simultaneamente como não ameaçadora ou segura.
Em outras palavras, uma violação benigna é algo que é simultaneamente errado ou surpreendente, mas também inócuo ou aceitável.
Algo acontece que rompe uma norma social, uma expectativa cultural, uma moral ou uma lógica pessoal. Esta violação pode ser física, social, linguística ou moral.
Na segunda fase, a pessoa elabora cognitivamente a incongruência, resolvendo-a mentalmente. Esse processo de resolução e apreciação do absurdo ou da lógica subjacente fornece uma sensação de prazer cognitivo e emocional, resultando em riso.
O humor surge quando a violação é simultaneamente vista como não ameaçadora. Se a situação é muito ameaçadora ou completamente aceitável, provavelmente não será percebida como engraçada.
Ver alguém escorregar numa casca de banana é uma violação da expectativa de movimento normal, mas é benigno se a pessoa não se machucar seriamente.
Muitas piadas funcionam criando uma expectativa e então violando-a de forma inesperada (mas não ameaçadora), muitas vezes através de duplos sentidos ou ironia.
Envolve tópicos que são violadores de tabus (como morte ou doença), mas são apresentados de uma maneira que distancia emocionalmente o ouvinte, aumentando a percepção de benignidade.
Apesar de nenhuma das teorias sobre o riso ser capaz sozinha de explicar absolutamente tudo o que nos faz rir, em conjunto elas nos dão um bom panorama dos principais elementos necessários para se obter risadas.
A comédia precisa provocar certa tensão no público (setup) para depois oferecer alívio através do riso (punchline).
Toda piada precisa conter certo grau de provocação ou violação (setup), desde que dentro de determinados limites para que depois essa violação seja percebida simultaneamente como não ameaçadora (punchline).
A) Algo muito grave deve estar distante de nós no tempo e/ou no espaço.
B) Algo muito banal deve estar muito próximo de nós no tempo e/ou espaço.
A comédia está sempre nos fazendo interpretar (setup) e depois reinterpretar (punchline) uma mesma situação ou evento em dois sentidos opostos.
Quanto mais distantes esses sentidos, mais engraçada será a situação ou a piada. A reinterpretação pode se dar por uma mudança brusca de direção; mudança de perspectiva; reversão de expectativa; surpresa; absurdo; etc.
A reinterpretação deve nos fazer enxergar simultaneamente dois eventos contraditórios. Algo é percebido como X e não-X ao mesmo tempo. Esse fenômeno é chamado de sinergia cognitiva.
O humor deve conter uma incongruência, que é tudo o que foge a nossa visão de como as coisas deveriam ser ou acontecer. A incongruência normalmente é percebida na reinterpretação da situação ou da piada. Porém, quanto mais incongruências a situação tiver, maior será a percepção do humor.
A incongruência percebida na reinterpretação da situação, evento cômico ou piada deve banalizar a primeira interpretação, ou seja torná-la menos séria, menos grave, menos importante.
Além das teorias sobre o riso, as leis do riso postuladas pelo filósofo francês Henri Bergson e publicadas em 1900 nos ajudam igualmente a compreender melhor o que nos faz rir.
Não rimos de um cachorro ou de uma planta, mas da expressão humana que enxergamos neles. É exatamente isso o que fazem os memes de pets ao darem uma atitude humana para a expressão de um animal. Esse evento também é uma sinergia cognitiva já que enxergamos ao mesmo tempo o animal e o humano numa mesma imagem. Fórmula adicional: sendo assim, se humanizarmos o que não é humano, isso provocará o riso.
Para rir precisamos anestesiar o coração. Por isso, na comédia, as consequências dos acidentes nunca são graves. Se ficarmos tensos achando que o Coiote vai morrer ao ser atingido por uma rocha depois de cair do topo de um desfiladeiro durante a perseguição ao Papa Léguas, não iremos achar a menor graça. Esta lei de Bergson dialoga perfeitamente com a teoria da violação-benigna, assim como com a teoria da superioridade.
Se inserimos um mecanismo naquilo que é vivo ou confundimos um objeto com uma pessoa, da mesma forma estaremos criando uma sinergia cognitiva. A rigidez dentro do que é vivo e vice-versa também pode ser considerada uma incongruência já que foge da nossa visão de como uma pessoa ou um objeto deveriam ser.
Quem é engraçado não sabe que é engraçado ou tentaria se corrigir. Como prova dessa lei podemos citar as pegadinhas. Na pegadinha, apenas o alvo da brincadeira não ri porque não tem todas as informações sobre o que está se passando. Todos os demais, entretanto, riem e se divertem com a situação constrangedora. A pegadinha cria tensão para a pessoa que é alvo da brincadeira e fica intrigada ou assustada com o que está acontecendo, mas produz alívio para quem assiste a brincadeira e sabe que nada daquilo é sério. As pessoas riem igualmente porque tem a percepção de uma sinergia cognitiva: elas sabem que a situação não é séria, mas o alvo da piada age como se fosse.
A comédia simplifica, esquematiza, coloca o ser humano dentro de uma armadura, escravo de uma obsessão que ele não consegue controlar. Sendo assim, as personagens da comédia são regidas por poucas características, porém muito marcantes.
Todo riso é o riso de um grupo. É preciso compartilhar as mesmas referências para rir das mesmas piadas. Por essa razão, ao longo da história, o riso sempre serviu como cimento social excluindo tudo o que é "estrangeiro" ou diferente para esse ou aquele grupo. Essa lei dialoga com a teoria da superioridade, onde rimos ao nos sentirmos superiores diante da fragilidade das outras pessoas.
A partir de tudo isso, podemos chegar a algumas conclusões importantes. Toda piada precisa ter:
Da mesma maneira que as crianças se divertem ao falar palavras proibidas como: cocô, pum, etc. a piada precisa ter um grau de violação, que vai desde a quebra de uma regra linguística até uma ofensa camuflada. Freud classificou tais piadas como chistes tendenciosos.
Toda comédia provoca uma interpretação inicial para em seguida obrigar o espectador a reinterpretar o mesmo evento a partir de uma perspectiva diferente.
A reinterpretação, em geral, deve conter uma incongruência, que é tudo o que foge a sua visão de como as coisas deveriam ser. Tudo o que pareça absurdo, fora de contexto, deslocado, inadequado, ambíguo, contraditório, paradoxal é uma incongruência.
A incongruência que te obriga a reinterpretar a piada deve banalizar a ideia inicial (interpretação) tornando-a mais trivial, menos séria, menos importante ou de menor valor.
A reinterpretação deve nos fazer enxergar simultaneamente dois eventos contraditórios. Algo é percebido como X e não-X ao mesmo tempo. Esse fenômeno é chamado de sinergia cognitiva.
Quando a comédia ativa scripts opostos e nos faz perceber sinergias cognitivas, ela nos obriga a encarar as contradições do ser humano e da sociedade construída sobre suas ficções. Ou seja, a comédia amplia nossa percepção do mundo e das coisas. A partir dela somos capazes de enxergar ao menos dois lados de uma mesma moeda.
Talvez você não saiba, mas o nosso cérebro é preguiçoso. Ele gosta de previsibilidade, ou seja, detesta mudanças. Não por acaso, o ser-humano automatiza as ações que pratica com frequência. Automatizar é o mesmo que agir sem pensar.
Isso, entretanto, não é saudável a longo prazo porque, com o tempo, nosso cérebro elimina as sinapses que não usamos. Resultado, aprender coisas novas, encontrar soluções inovadoras para fazer as coisas de um jeito diferente se torna uma tarefa muito mais árdua. Não por acaso, ser criativo é tão difícil quanto ser engraçado porque criatividade e humor estão intimamente ligados.
A comédia é um dos mais eficientes e divertidos exercícios para o cérebro porque ela nos obriga a enxergar o mundo sob uma perspectiva inusitada, original e surpreendente. As piadas, por exemplo, aproveitam-se do fato de nossa mente ser uma máquina de criar suposições e hipóteses para nos surpreender com um final que não conseguimos prever - recurso conhecido como reversão de expectativa.
Como uma das bases da comédia é a quebra de padrões, ela é uma maneira eficaz de chamar a atenção porque toda quebra de padrão coloca nosso cérebro em alerta como um sinal de perigo; herança da época em que habitávamos as cavernas e precisávamos estar sempre alerta para predadores maiores e mais fortes que nós. Não por acaso, o marketing e a propaganda são mestres em se utilizar dos recursos da comédia para atrair o público e vender de produtos a conceitos.
PERIGO = TENSÃO.
PIADA = ALÍVIO DESSA TENSÃO.
A PIADA CRIA TENSÃO PARA, EM SEGUIDA, GERAR ALÍVIO.
Outra característica de nosso cérebro é a sua necessidade de encontrar sentido para absolutamente tudo. Mesmo que esse sentido não exista, nosso cérebro inventará um porque o ser-humano não consegue viver uma vida sem sentido. Daí termos inventado tantas crenças, normas, regras, leis na tentativa de organizar o mundo caótico e selvagem à sua volta.
O homem é o único animal que cria e também o único que acredito em conceitos abstratos. Pecado, justiça, hierarquia, meritocracia, direitos humanos nada disso existe a priori na natureza. Todos são ficções criadas pelo ser-humano para tentar dar sentido a um mundo aparentemente sem sentido. Essas ficções foram fundamentais para que evoluíssemos e vivêssemos em sociedade, ao compartilharmos crenças e controlarmos nosso ímpeto e instinto animais.
Toda ficção inventada pelo ser-humano está repleta de contradições internas. Não por acaso, essas crenças mudam com o tempo. A moda, os sistemas de governo, as ideologias, até mesmo a ideia de Deus estão sempre em transformação. A maioria de nós, entretanto, se agarra a elas como se fossem verdades absolutas e imutáveis. Chama-se dissonância-cognitiva o fenômeno de acreditar-se em ideias contraditórias.
Ironicamente, é justamente o fato de acreditarmos em conceitos contraditórios que permitiu o nascimento das piadas. Em um mundo perfeito e harmônico não haveria espaço para o humor porque a comédia explora justamente o que temos de imperfeito, contraditório e ambíguo. A comédia nasce do simples fato de sermos todos imperfeitos.
Perceba a contradição que é o ser-humano. Somos animais que pensam; mas nem por isso agimos sem pensar. Em nossa arrogância, acreditamos ter controlado a natureza, mas somos incapazes de evitar tempestades, furacões, tsunamis e outros desastres naturais. Pensamos ser senhores de nossos desejos e ações, mas está provado que muitas de nossas atitudes são movidas por estímulos inconscientes, ou seja, dos quais não temos conhecimento. Justificamos racionalmente escolhas totalmente movidas pela emoção.
É por isso que a comédia surge da percepção simultânea de ideias contraditórias - também conhecida como sinergia-cognitiva, ou ativação de scripts opostos. Porque a contradição é tão humana quanto cômica. Se treinarmos o nosso olhar e soubermos onde procurar, perceberemos contradições mesmo nas ações mais banais do dia a dia.
A comédia, portanto, nos revela que natural e artificial; orgânico e mecânico; racional e irracional; sentimento e razão; consciente e inconsciente não são pólos opostos e irreconciliáveis, mas dois lados de uma mesma moeda.
Encontramos matéria-prima para a comédia, portanto, em nossas idiossincrasias, ambiguidades e contradições. Estas se fazem presentes na rigidez dos dogmas, das convenções sociais, das cerimônias, das normas, regras, leis e todas as demais ficções inventadas pelo ser-humano, que se sobreponham ao bom-senso, que se suponham mais reais do que a própria realidade concreta.
Para isso, o comediante precisa desenvolver um olhar distanciado e um pensamento analítico: como um alienígena que acaba de descer em nosso planeta; ou como a criança que ainda está aprendendo as regras do mundo e por isso tudo questiona. O bom comediante desenvolve uma visão surpreendente, original e inusitada sobre o mundo, que ele defende com uma atitude forte e peculiar.
A comédia muitas vezes exige olhar para situações de maneiras não convencionais, forçando os participantes a pensar lateralmente e encontrar soluções criativas para criar humor a partir de diferentes perspectivas.
O humor pode ajudar a quebrar barreiras mentais que bloqueiam a criatividade. Ao aprender a fazer piadas sobre assuntos diversos, os participantes do curso desenvolvem uma mentalidade mais aberta e receptiva à exploração de novas ideias.
Participar de um curso de comédia pode ajudar os profissionais a desenvolverem sua própria voz criativa e estilo único. Ao experimentar diferentes formas de humor, os participantes descobrem novas maneiras de expressar suas ideias e perspectivas de maneira original.
A comédia é uma forma poderosa de comunicação criativa. Ao aprender a contar histórias engraçadas, criar metáforas e usar humor para transmitir mensagens, os profissionais melhoram suas habilidades de comunicação de maneira geral, tornando-as mais cativantes e memoráveis.
Lidar com o humor requer resiliência e adaptabilidade, pois os participantes precisam estar preparados para lidar com o inesperado e reagir de forma criativa a diferentes situações. Essas habilidades são valiosas no mundo profissional, onde a capacidade de se adaptar a mudanças e superar desafios é essencial para o sucesso.
O humor é uma ferramenta poderosa para quebrar o gelo e iniciar conversas. Aprender a escrever comédia pode fornecer a alguém uma série de piadas e histórias engraçadas para compartilhar em situações sociais, tornando mais fácil iniciar e manter conversas com novas pessoas.
O humor pode criar uma conexão emocional entre as pessoas. Ao compartilhar histórias engraçadas e piadas, você pode encontrar pontos em comum com os outros e criar laços mais fortes e significativos.
Escrever comédia envolve habilidades de contar histórias eficazes. Ao aprender essas técnicas, você se torna um contador de histórias mais cativante, o que ajuda a atrair a atenção das pessoas e mantê-las interessadas em suas experiências e perspectivas.
Aprender a escrever comédia envolve entender o que faz as pessoas rirem e como ler o ambiente social. Essas habilidades ajudar você a se tornar mais consciente das nuances sociais e a adaptar seu comportamento e humor para se relacionar melhor com diferentes tipos de pessoas.
Muitas pessoas têm medo de falar em público e enfrentam ansiedade antes e durante suas apresentações. O humor pode ser uma maneira poderosa de aliviar a tensão, tanto para o palestrante quanto para a plateia.
Palestrantes podem se preocupar em soar repetitivos ou previsíveis. Um curso de comédia pode ensinar técnicas para desenvolver um estilo único e autêntico de humor, ajudando-os a se destacar da multidão.
O uso estratégico do humor em sala de aula pode tornar o ambiente mais leve e atraente, aumentando o engajamento dos alunos e facilitando o processo de aprendizagem.
O uso estratégico do humor pode ajudar a reforçar mensagens de forma memorável.
O humor pode ser uma ferramenta eficaz para simplificar conceitos complicados e torná-los mais acessíveis ao público.
O uso do humor pode criar uma atmosfera mais descontraída e positiva, tornando o aprendizado mais agradável e eficaz.
A base teórica deste curso é enriquecida pelos pensamentos de renomados estudiosos da comédia.
O historiador francês Georges Minois em "A História do Riso e do Escárnio" oferece uma análise abrangente da evolução do riso e do humor ao longo da história da humanidade. Ele destaca como o riso foi muitas vezes visto como uma força disruptiva e subversiva, desafiando autoridades e convenções estabelecidas. O curso ressalta como a repressão do riso ao longo do tempo foi responsável por debilitar o raciocínio cômico na maioria das pessoas.
O historiador israelense Yuval Noah Harari em "Sapiens: Uma Breve História da Humanidade" explora a ideia de que os seres humanos têm uma capacidade única de criar e acreditar em "verdades ficcionais" - ou seja, narrativas compartilhadas que não têm uma base objetiva na realidade, mas que são fundamentais para a coesão social e para a organização das sociedades humanas. A partir da abordagem de Harari, o curso ressalta como o riso surge da percepção de contradições, absurdos ou incongruências entre as "verdades ficcionais" em que acreditamos e a realidade em que vivemos. E como o humor explora e expõe essas contradições internas, desafiando nossas percepções e crenças arraigadas.
O filósofo francês Henri Bergson, com sua obra "O Riso - ensaio sobre o significado do cômico", explora a natureza do riso oferecendo insights profundos sobre por que certas situações nos fazem rir. O curso traduz o pensamento de Bergson em ferramentas poderosas para se fazer rir como a percepção de algo mecânico ou inflexível em um contexto onde se espera flexibilidade e vitalidade.
O pai da psicanálise Sigmund Freud, em "Os Chistes e sua relação com o inconsciente", nos leva a uma jornada pelo humor como expressão do nosso subconsciente. Freud argumenta que os chistes são uma forma de expressão cultural que permite ao indivíduo liberar impulsos e desejos reprimidos de maneira socialmente aceitável. Ele analisa os mecanismos psicológicos por trás dos chistes, incluindo o uso de sublimação, deslocamento e condensação para lidar com temas tabus ou proibidos.
O crítico literário britânico Terry Eagleton em "Humor - o papel fundamental do riso na cultura" investiga várias teorias do humor, examinando o papel e a importância do humor na sociedade, cultura e literatura. Além de explorar como o humor pode ser uma forma poderosa de crítica social e política, desafiando normas e convenções estabelecidas.
Já o psicólogo cognitivo e neurocientista Scott Weems em "Há! A ciência do humor" desvenda os mistérios por trás do que nos faz rir; investiga como o cérebro processa o humor e por que algumas pessoas têm um senso de humor mais desenvolvido do que outras por meio de uma abordagem científica. Weems oferece insights fascinantes sobre como o humor pode ser uma ferramenta poderosa para lidar com adversidades e promover o bem-estar emocional.
"The Psychology of Humor", escrito por Rod A. Martin oferece uma base sólida para quem deseja estudar e fazer comédia, fornecendo uma compreensão profunda das bases psicológicas do humor e oferecendo insights práticos sobre como aplicar essas teorias na criação e execução de material de comédia. O curso traduz para você as principais teorias contemporâneas sobre o riso e explica como você pode usá-las como um atalho para fazer rir.
“Não leve a vida tão a sério. Você jamais sairá dela com vida.”
Elbert Hubbard
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